domingo, 10 de abril de 2011

me voa e me acarinha jazz

era jazz que tava tocando. lindo. vinha de fora, entrando de fininho pelos meus ouvidos. descobri um som novo, que pintou sensações de passarinho em mim. como se eu estivesse voando.
tudo se misturou com poesia. rimou tom com mia - miado de palavra-dia despertou melodia de letras soltinhas e livres em toda a parte, até chegar no fundo do meu umbigo. aí veio a fotografia. luz entrou pela frestinha daquele quarto e gostou de ficar por ali. bem-te-vi, tinha você como companhia.
tudo virou suor brotando da minha pele: gotas de jazz, de passarinho, de poesia, fotografia, você, se encontravam de pêlo em pêlo. de poro em poro eu respirava cheiro de cor diferente, diluída no ar.
repara que dá pra se transformar em nota musical. fica aguda, perambula, geme de prazer sonoro, se transforma em pausa - e ainda assim tem música ali. que nem em ser humano bicho da silva: o silêncio também pode soar barulhinho bom. remete ao som gostoso daquele violão que você tem saudade por não tocar.
fiquei chapada de mundo. cabia na tela da tv o espelho que a gente via. refletia. ganhei uma foto de píer-melancolia. cinema tem cheiro de vida, né? vi tua vida pequenina desconhecida.
pausei e silenciei teu sorriso naquela tarde de jazz passarinhando. como numa foto em branco (sem preto, só branco), de gosto de luz-amarelo-lua. ainda ouvia o som pela rua. poesia ainda me desafia de foto em foto (grafia), a virar por completo arte de ilusão minha e tua.
foi uma tarde de arte: do jazz, à pele nua. por entre, carinho. parecia caber tudo.
passarinho gostou de me voar e me acarinhar jazz.

Um comentário:

  1. Me acarinha jazz, blues, soul e tudo mais que venha a traduzir o sabma que bate no peito em descompasso quando leio o que escreves.
    Belíssima!!

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